quarta-feira, 26 de maio de 2010

A porta estreita e a porta larga


O Nazareno deixou-nos o grande ensinamento de que na Casa do Pai há várias moradas. E elas estão em qualquer parte do universo, portanto, a Terra é uma delas. E habitamos eternamente nelas enquanto espíritos que somos. Mas justamente porque somos imortais, nós já estamos na eternidade.

Segundo alguns filósofos, entre eles Huberto Rohden, podemos dividir os indivíduos, espiritualmente falando, em três categorias: profanos, virtuosos e iniciados.

Profanos são aqueles desinteressados pelas coisas da área espiritual, embora não sejam necessariamente materialistas propriamente ditos. Estão naquela fase de nem desejarem sequer, ainda, entrar pela chamada Porta Estreita, de que falam os Evangelhos. Todavia, vai chegar o dia em que eles vão despertar também para isso, mas por eles mesmos, como o personagem da Parábola do Filho Pródigo, pois Deus respeita o nosso livre-arbítrio que Ele próprio nos deu, deixando por conta nossa o quando, o onde e o como desse nosso despertar para as coisas do alto, do nosso Eu Interior.

A categoria dos virtuosos constitui-se dos espiritualistas que procuram por em prática os princípios do bem e da moral. Porém, praticam-nos com dificuldades, sacrificando a sua própria vontade. É a essa categoria que pertence a maioria de todos nós, que queremos passar pela Porta Estreita, mas só conseguimos, por enquanto, a passagem pela Porta Larga.

Já a terceira categoria compõe-se de uns poucos indivíduos do tipo de Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Luther King e Irmã Dulce da Bahia. Elas fazem o bem, prazerosamente, como quem está com fome e saboreia uma apetitosa comida.

O Mestre disse que o seu jugo é suave. E essas pessoas sentem essa realidade, já vivenciando estes seus conselhos : “Se alguém lhe der um tapa no rosto, apresente-lhe a outra face”. “Se alguém tomar-lhe a capa, dê-lhe também a túnica”. “Não resistais ao maligno”. Encontram-se elas já no estágio de inofendibilidade, isto é, neutralidade diante das ofensas que se lhes fazem. E, por isso, elas até nem têm nada que perdoar a ninguém, pois que ninguém consegue ofendê-las. E, obviamente, já têm passagem garantida pela Porta Estreita, pois quase sempre elas estão voltadas para o mundo do seu Eu Interior, o mundo do Reino dos Céus, que lhes é bastante para a sua felicidade.

Essas idéias de nossa evolução espiritual trazem subjacente em seu bojo a da reencarnação, ou seja, a de que, um dia, todos se salvarão, pensamento este coincidente também com o da Igreja atual, de que a salvação é para todos, com o de parte do Islamismo (Sufismo e Bahaísmo) e, igualmente, com o das grandes religiões orientais, cujos adeptos representam cerca da metade da população da Terra.

Com efeito, se isso não fosse também a Doutrina do Homem de Nazaré, Ele não se intitularia o Salvador do Mundo, mas, sim, só de meia dúzia de almas!

E não poderia ser diferente, pois, se Deus quer que todos se salvem, o que poderia obstaculizar a sua vontade infinita?

José Reis Chaves

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