quinta-feira, 27 de maio de 2010

Jesus, Kardec e o Espiritismo


O século dezenove, foi, depois do Cristo, do ponto de vista espiritual, um século especial para a humanidade. A razão que justifica tal avaliação, tem suas raízes entranhadas num espaço de tempo assinalado no cronômetro da eternidade, quando na Terra viveu por trinta e três altos, o mais influente dos reformadores de conceitos relacionados ao ético, ao social e ao espiritual e, sobretudo ao futuro da criatura humana.

Nos apenas três anos de peregrinação pelas aldeias e vilarejos, seus passos deixaram marcas luminosas que, ao invés de se apagarem com as investidas avassaladoras das forças do negativismo, (inclusive, agasalhadas nos templos religiosos) mais nítidas e seguras se tornaram para quantos, ao longo do tempo se renderam ao convite da rota evangélica, nela vislumbrando o meio de vencer os obstáculos impostos pelo reinado das sombras e, assina, alcançar no futuro o condado da paz e do amor.

A sua presença se fez sentir mais dinâmica e portentosa após o seu desenlace, quando sua semente, representada por seus exemplos e ensinamentos, depositada no aconchego do terreno fértil de muitos corações e mentes humanas, passeio a germinar, a florescer, a produzir frutos. Tal foi o alcance provocado pela substância de suas máximas que, a era que sucedeu ao seu nascimento passou a ser conhecida como Era Cristã.

Jesus Cristo, cujo viver constituiu uma revolução no contexto político e social de seu tempo não deixou nada escrito para seus seguidores. Apenas palavras e exemplos. As anotações dos chamados evangelhos, a ele atribuídas, são produto do trabalho de seus seguidores, inventariadas alguns anos após sita crucificação.

Do que disse, conquanto pudesse ser entendido como pertinente ao lugar e ao momento, continha a virtude de uma transcendência que desconhecia limites de lugar e tempo. Constituía proposta de mão única com vistas ao futuro.

Os séculos sucederam-se, uns aos outros, contabilizando bem mais turbulências do que momentos de paz

É Neste entrevero que a França, a partir do século 18, se viu acalentada pela brisa da liberdade de pensamento. Em breve tempo, o pensamento, livre, tornou-se uma vertente, através da qual a cultura ganhou substância e fluiu para o mundo.

Tremulando bem alto, sobranceira, a bandeira da Liberdade, Igualdade e Fraternidade era objeto do interesse de quantos, no mundo, tinham por estas divisas, devoção .

Com este farol iluminando-lhe a rota escolhida , a nação francesa fez-se credora de abrigar o evento profético anunciado por Jesus, e anotado no Evangelho de João, XIV, vrs. 15 a 17 e 26.

Era chegada a hora de reavivar a plenitude da Boa Nova, sobretudo, de lançar as sementes de novas e atais profundas lições.

Assim começou o evento assinalado no Evangelho.

Ainda que a fenomenologia psíquica tenha pipocado em todos os tempos ao longo do caminho das criaturas humanas, o episódio, cujo apogeu ocorreu em 31 de março de. 1848, com a família Fox, no vilarejo de Hysdeswille, Nova York, Estados Unidos, provocou interesse de tal monta que, a partir dele, o conceito da vida e da morte , até então predominante, assumiu novos contornos.

A comprovação inequívoca de que o corpo físico - em estado dinâmico- é animado por um espírito que lhe sobrevive a morte, e que, além do sepulcro mantêm-se intocável em sua individualidade, podendo, não só intercambiar experiências saudáveis, construtivas, conto, também, enredar no cipoal de influências malévolas, os que permanecem incrustados no corpo carnal, dimensiona com eloqüência o evento que teve como principais protagonistas a família Fox, com especial destaque, as irmãs (médiuns) Kate e Elizabetli Fox.

A pequeníssima fresta aberta tio reposteiro que se interpõe entre o mundo tísico e o extra físico, pelo espírito de Charles Rosna, no lar dos Fox, permitiu ao primeiro bisbilhotar o segundo, além ele nocautear os conceitos arcaicos até então defendidos em relação ao destino das almas, ao se defrontarem com a visita da morte.

Irrequietos, os fenômenos cada vez mais presentes e atrevidos, mostrando-se inteligentes, como que, a espicaçar a curiosidade de gregos e troianos, brincam com leis físicas e químicas consagradas, quando agem produzindo fenômenos de: tiptologia, levitação, transporte, materialização, odores, voz direta , ...

Ante desafios tão perturbadores quanto persistentes, aos eminentes guardiões da ciência, não cabia outra medida senão a de atrair o impertinente fenômeno para a intimidade do laboratório, na esperança de que, aí, encurralado, com armas adequadas, pudessem por fim ao que consideravam a maior farsa da moda.

Entretanto, contra todas as expectativas reinantes, nenhum dos artifícios científicos postos em ação pelos insignes cientistas na intimidade de laboratórios, cercados do que de melhor se possuía em matéria de segurança, impediu que o fenômeno comparecesse exuberante, despindo-se de sua invisibilidade, para ser visto, tocado, medido, pesado e fotografado, identificando-se, enfim, para os Tomés de então, como Espírito Imortal.

Ao mesmo tempo que o interesse pelo fenômeno deslanchava, alvoroçando o cotidiano da sociedade, ou como recreação, ou, em acalorados debates nas tribunas da ciência, da filosofia, da religião, a equipe de espíritos missionários convocada por Jesus, e por ele nomeada de "Espírito de Verdade" ponha em ação o passo mais importante do plano em andamento, ou seja: Dar corpo a uma doutrina em cuja estrutura estivesse inserido um fanal doutrinário, de tal modo representativo dos ensinamentos de Jesus, que dele haveria de fluir água viva para dessedentar a sede de soerguimento espiritual de quantos a fonte buscassem.

A magnitude da tarefa impunha, como previra Jesus, manter seu centro dinâmico situado na esfera espiritual fora do alcance das influenciações políticas, imposições dogmáticas, interesses imediatistas, instabilidade emocionais, próprias das forças representativas do reinado de César.

Com Jesus no comando, o colegiado de Espíritos iluminados, dividiu-se em duas frentes de trabalho: o físico e o extra físico..

Para que os postulados da Nova Doutrina, - cujas raízes permaneceriam radicadas na seara espiritual, sob os cuidados do "Espírita de Verdade"- fossem transferidos com a garantia de que nenhuma interferência indevida e menos digna pudesse as macular, foi destacado para reencarnar no âmbito terrestre um membro da equipe, que assumiria a tarefa na condição de Codifcador.

Com o nome de Denizard Hippolyte Léon Rivail, o edificador reencarnou na cidade de Lion, na França em 3 de outubro de 1804. Ainda muito jovem, pontificava como um dos primeiros de sua classe, no renomado Instituto Pestallozzi, sendo sempre o escolhido para substituir, quando ausente, o emérito Professou Pestallozzi Desempenhou até os 50 anos de idade, o ofício de pedagogo, com o afinco e o amor de quem anseia pelo progresso de seus alunos. Do seu ardente desejo de ensinar, resultou inúmeras obras pedagógicas, cobrindo diversas disciplinas.

Aos 50 anos de idade soou o alarme A hora havia chegado. Daí em diante, seu tempo foi entregue a tarefa da codificação. Durante os 15 anos seguintes, sua pena colaborou ininterruptamente com a equipe "Espírito de Verdade"

tempo suficiente para consolidar a 3º Revelação, ou Doutrina; Espírita, através das revelações contidas nas obras que escreveu e assinou com o pseudônimo de Allan Kardec, com especial ênfase para o "O LIVRO DOS ESPÍRITOS.", entregue, -sua primeira edição,- ao público, em 18 de abril de 1 857.

A Doutrina Espírita, fundada na argamassa do "O Livro dos Espíritos" e suas obras complementares , corporifica e desdobra os ensinamentos do Cristo em toda a sua inteireza e profundidade Conduz-nos, a doutrina, qual guia fiel,' através do tempo e do espaço cósmico, situando-nos como filhos do Arquiteto Divino no seio da Morada Universal.

Não somos, ensina-nos a doutrina, os que estagiam nas criptas do primitivismo; os que se degradam nos labirintos dos vícios e da paixões; os que perambulam pelos vales da sombra e da dor; os que vagueiam pelos corredores da angústia e da desesperança, seres separados ou diferentes, a não ser quanto ao grau evolutivo,- daqueles que, vestidos com a túnica da virtude, semeiam exemplos de trabalho e amor santificado.

Somos, todos, filhos e herdeiros do Pai Maior, tendo a nos aureolar a fronte, a tiara divina, que é idêntica em lados, mas que, em cada um de nós será mais luminosa quanto mais espiritualizados conseguimos Ser.

(Informativo Cesme – Março e Abril de 2000)

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