domingo, 17 de janeiro de 2010

Considerações das Pluralidades das Existências

Allan Kardec foi bastante racional nas considerações que teceu sobre a pluralidade das existências. A certa altura ele diz:
Se não há reencarnação, não há mais do que uma existência corporal, isso é evidente. Se nossa existência corporal é a única, a alma de cada criatura foi criada por ocasião do nascimento, a menos que admitamos a anterioridade da alma. Mas nesse caso perguntaríamos o que era a alma antes do nascimento, e se o seu estado não constituiria uma existência sob qualquer forma. Não há, pois, meio-termo: ou a alma existia ou não existia antes do corpo.
Se ela existia, qual era a sua situação? Teria consciência de si mesma?
Se não a tinha era mais ou menos como se não existisse; se tinha, sua individualidade era progressiva ou ficaria estagnada?
Num e noutro caso, qual a sua situação ao tomar o corpo?
Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo, colocamos estas seguintes questões:
Qual o motivo da alma exibir aptidões tão distintas e livre nas ideias alcançadas pela instrução?
Como aparece a aptidão fora do normal de algumas crianças quando ainda pequenas para esta ou aquela ciência, enquanto outras permanecem insignificantes por toda a vida ?
As ideias inatas ou intuitivas, que não existem para outros, de onde vem?
De onde vêm, para certas crianças, os impulsos prematuros do vício ou probidade, esses sentimentos inatos de seriedade ou de indignidade, que contrariam com o meio em que nasceram?
Porque será que uns Seres, independentemente da instrução, são mais evoluídos que outros ?
Como se explica a diferença de uns nascerem na mais extrema miséria e outros na sumptuosidade. Umas têm berço de ouro e outras não têm lugar para se acomodar?
Como é possível haver à nascença com doenças incuráveis (fora do caso de hereditariedade) e sofrem a vida toda, e outras nascem cheias de saúde e de vigor ? Por que morrem crianças em tenra idade e outras vivem muitos anos ?
Porque algumas pessoas nascem com deficiências físicas ?
Porque existem crianças prematuras, no campo da música, da matemática e de outros conhecimentos, e outras, apesar de estudarem e se esforçarem a vida toda, não conseguem alcançar um grau razoável de conhecimento?
E então as criaturas más desfrutam de grande prosperidade na vida, e outras, bondosas e moralizadas, vivem uma vida cheia de obstáculos e de angústia?
Qual a Filosofia ou a Religião que pode equacionar esses problemas sem valer-se da lei das vidas sucessivas ou da Reencarnação?
O Espiritismo tem explicação para todos esses problemas, demonstrando que essas disparidades ocorrem devido, a maior parte das vezes, às fragilidades que a criatura perpetra, e que demanda reajuste perante a justiça Divina
Logo temos que reconhecer que a doutrina da pluralidade das existências é a única a explicar aquilo que, sem ela, é inexplicável; que é altamente consoladora em conformidade com a justiça mais rigorosa, sendo para o homem a prancha de salvamento que Deus lhe concedeu na sua eterna misericórdia. Duvidar dela é, no ínfimo, afirmar que Deus é injusto.
As evidências históricas a favor da reencarnação nos colocam diante de uma realidade evidente: não foi a Doutrina Espírita que inventou a Teoria da Reencarnação. A ideia da reencarnação, com outras designações (Palingênese, Transmigração da alma, etc.), é muito antiga. Vamos encontrá-la nas civilizações mais antigas do globo.
Algumas descobertas na velha civilização de Atlântida, crêem ter sido o berço da civilização greco-romana, vieram mostrar que naquele remoto continente se ensinava a Doutrina das Vidas Sucessivas.
Na Índia, no Egito, na Pérsia, as ideias da reencarnação têm dominado desde os primórdios da civilização.
O papiro Anana (1320 a.C.) demonstra a ideia entre os egípcios:
"O homem retorna a vida várias vezes, mas não se recorda de suas prévias existências, exceto algumas vezes em um sonho. No fim todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas."
Pitágoras, Sócrates, Buda, todos defendiam esse princípio.
Enumeras religiões se baseiam na crença das vidas sucessivas: o Bramanismo, o Budismo, o Druidismo, etc. O Cristianismo primitivo não fugiu à regra. Caracteres marcantes desta doutrina se nos deparam nos Evangelhos.
Reencarnação está nos Evangelhos, onde, várias passagens dos mesmos aparecem claramente a ideia da reencarnação, mas Allan Kardec examina três, que ele considerava como as mais importantes:
1ª) "Após a transfiguração, seus discípulos então o interrogaram desta forma: Porque dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? - Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara." [Mateus-XVII:10-13] [Marcos-IX:11- 13]
A consideração de que João Batista era Elias está presente várias vezes no Evangelho, reforçando a ideia de que muitos judeus tinham simpatia pela Teoria de Palingenética. Se fosse erróneo este pensamento, certamente Jesus o teria combatido, como fez em relação a vários outros.
2º) "Ao passar, viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; - e seus discípulos e fizeram esta pergunta: Mestre, foi pecado deste homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego? - Jesus lhes respondeu: não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas para que nele se patenteiam as obras do poder de Deus." [João-IX:1-34]
A pergunta dos discípulos: "foi algum pecado deste homem que deu causa aquele nascesse cego?" revela que eles tinham a intuição de uma existência anterior, pois, do contrário, ela careceria de sentido, visto que um pecado somente pode ser causa de uma enfermidade de nascença se cometido antes do nascimento, portanto numa existência anterior.
3º) "Ora, entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, senador dos Judeus, que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele.
Jesus lhe respondeu: em verdade, em verdade, dito-te: ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo." [João-III:1-12]
Não tem dúvidas de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram . Donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.
Além disso as evidências cientificas históricas e religiosas da reencarnação, argumentam, hoje, várias evidências de cunho científico, o que levou o parapsicólogo Hernani Guimarães Andrade a afirmar:
"Dentro de mais alguns anos, a Palingênese deixará de ser encarada como crença religiosa e passará a ser estudada exclusivamente como mais uma lei da natureza."
Algumas provas das principais evidências científicas da reencarnação são:
Os Génios prematuros, crianças prodígios, que desde a mais tenra idade mostram possuir conhecimentos de tal ordem à respeito de temas os mais diversos que seria impossível explicá-los sem a certeza de que viveram antes.
Amadeus Mozart tocava piano aos 3 anos e violino aos 4 anos sem nunca ter visto um.
Miguel Angelo, com a idade de 8 anos, foi dispensado pelo seu professor de escultura porque este já nada mais tinha a ensiná-lo.
Allan Kardec, questionou os espíritos sobre este fenómeno [LE-qst 219] e eles disseram:
"Lembrança do passado, recordação anterior da alma."
A reencarnação está baseada nos princípios da misericórdia e da justiça de Deus.
Na misericórdia divina, porque, assim como o bom pai deixa sempre a porta aberta a seus filhos frágeis, permitindo a sua regeneração, também ELE , através das vidas sucessivas - dá oportunidade para que os homens passam corrigir-se, evoluir e merecer o pleno gozo de uma felicidade.
Emmanuel chega a dizer que "a reencarnação é quase o perdão de Deus."
Na lei de justiça, pois os erros cometidos e os males infligidos ao próximo devem ser reparados durante novas existências, a fim de que, experimentando os mesmos sofrimentos, os homens possam resgatar seus débitos, passando a conquistar o direito de serem felizes.
A unicidade das existências é injusta e contraditória, pois não atende às sábias leis do progresso espiritual.
É absurda, porque não pode explicar as enormes discrepâncias de capacidades das criaturas desde sua infância; as ideias inatas, independente da educação recebida, que existem nuns e não aparecem em outros; os instintos prematuros, bons ou maus, não obstante a natureza do meio onde nasceram.
As reencarnações representam para as criaturas imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.
A pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a desconformidade dos atributos morais, enfim, todas as desigualdades que ferem a nossa visão elementar.
Livro dos Espíritos de Allan Kardec questão 166 diz:
“ Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, nada mas para isso necessário lhe é prova de vida corporal”.
Concluindo, se cremos em Deus temos que adequar à sua infinita bondade, justiça, misericórdia, toda a enormidade da reencarnação, como justa , e que não sendo um processo punitivo, ele é educativo, permitindo a depuração dos espíritos, em experiências sucessivas no corpo físico, por condicionamento da Lei de causa e efeito, sendo que dessa forma todos alcançarão a felicidade, uns mais depressa que outros, mas tudo dependendo de cada individualidade e correspondência da sua evolução, moral, espiritual e intelectual.
Terminamos com Jesus:
“ Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo”.
Bibliografia
Livro dos Espíritos - Allan Kardec
O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec
O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis
A Reencarnação e Suas Provas - Carlos Imbassay
Reencarnação - Gabriel Dellane
Depois da Morte - Leon Denis


VICTOR PASSOS

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