domingo, 12 de dezembro de 2010

Parábola da Festa de Núpcias

E respondendo Jesus, lhe tornou a falar segunda vez em parábolas, dizendo: O Reino dos Céus é semelhante a um homem rei, que faz as bodas a seu filho; e mandou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, mas eles recusaram ir.

Enviou de novo outros servos, com este recado: Dizei aos convidados: Eis aqui, tenho preparado o meu banquete, os meus touros e os animais cevados estão já mortos, e tudo pronto; vinde às bodas.

Mas eles desprezaram o convite, e se foram, um para a sua casa de campo, e outro para o seu tráfico. Outros porém, lançaram mão dos servos que ele enviara, e depois de os haverem ultrajado, os mataram.

Mas o rei, tendo ouvido isto, se irou; e tendo feito marchar seus exércitos, acabou com aqueles homicidas, e pôs fogo à sua cidade. Então disse aos seus servos: As bodas com efeito estão aparelhadas, mas os que foram convidados não foram dignos de se acharem no banquete. Ide pois às saídas das ruas, e a quantos achardes, convidai-os para as bodas.

E tendo saído os seus servos pelas ruas, congregaram todos os que acharam, maus e bons; e ficou cheia de convidados a sala do banquete de bodas. Entrou depois o rei para ver os que estavam à mesa, e viu ali um homem que não estava vestido com veste nupcial.

E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? Mas ele emudeceu. Então disse o rei aos seus ministros: Atai-o de pés e mãos e lançai-o nas trevas exteriores: aí haverá choro e ranger de dentes. Porque são muitos os chamados e poucos os escolhidos. (Mateus, XXII:1-4).

No capítulo dezoito do Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec recorre à parábola da festa de núpcias contida no evangelho de Mateus, para introdução do capítulo “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos” trazendo até nós uma abordagem da evolução espiritual do homem.

Kardec traduz à luz do espírito, a mensagem do divino amigo onde constatamos que os servos enviados a convidar para a boda, foram, todos aqueles que já se encontravam mais bem preparados, onde se incluem, todos os grandes vultos que a humanidade já conheceu.

Neles podemos incluir, todos os profetas e todos os pioneiros do desenvolvimento humano nos mais variados ramos do conhecimento, que através dos seus ensinos e dos seus conhecimentos, fazem desenvolver o homem rumo aos patamares evolutivos do conhecimento e da moralidade.

Kardec esclarece que a parábola narrada por Jesus, deve ser entendida como forma de permitir a partir do concreto fazer accionar o intelecto, permitindo a intuição espiritual, e que essas alegorias não devem ser entendidas jamais sob o ponto de vista material.

Os factos narrados nessas parábolas, eram baseados no conhecimento geral da época, portanto apropriados à capacidade de assimilação intuitiva do povo a quem se dirigia.

O seu objectivo era fazer penetrar no povo a ideia espiritual, a ideia do Reino dos Céus.

A felicidade e a alegria que transparece desse reino espiritual exige veste apropriada, que não é mais que o corpo espiritual que cada um envergará no decorrer da sua marcha de ascensão evolutiva, que nos permitirá o acesso a estágios evolutivos mais elevados apropriados à densidade do corpo espiritual, ou como diz a parábola, a veste nupcial.

Para tal é necessário viver de acordo com as leis naturais ou divinas, onde, os profetas, no transcurso das tempos e dos lugares levaram a todos os povos e a todas as culturas as orientações necessárias, mas que por serem mal compreendidos, foram também inúmeras vezes maltratados.

Apesar da boa vontade de todos quantos se predispõe a chamar os convidados, ou seja, a instruir espiritualmente o homem, este alega afazeres materiais, preocupações de toda a ordem descurando totalmente a mensagem dos enviados, ou seja, o mais completo desprezo pela vida espiritual.

Esse povo q quem se dirigia, apresentava um estágio evolutivo ainda muito rudimentar, um povo que acabava de entrar no monoteísmo, carregado de atavismos, ainda apegados à idolatria e ao politeísmo, era difícil na verdade entender uma mensagem tão sublime.

A boa nova trazida por Jesus, e reavivada por Kardec, esclarece que a mudança interior, dotará cada um do corpo espiritual que lhe é próprio e que para tal a lei base é o amor a partir da qual todas as outras faculdades de desenvolverão.

O género de vida de cada um, no invólucro carnal, determina a densidade do organismo perispiritual após a perda do corpo físico.

Ora, o cérebro é o instrumento que traduz à mente, manancial de nossos pensamentos. Através dele, pois, unimo-nos à luz ou à treva, ao bem ou ao mal.

De acordo com a lei do progresso, através da lei do trabalho, da lei do aprendizado, consolidam-se os automatismos sob forma de conquistas que revelam o património espiritual, ou veste nupcial, sem a qual não teremos a possibilidade de aceder a regiões espirituais mais levadas, ou como nos diz a parábola, não entraremos no reino dos céus.

Carlos Santa Marinha

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